Gustavo Caleffi, sócio-diretor da Squadra, conversou com a Astir sobre o tema. Responsável pelo projeto estratégico de segurança do empreendimento Homero, a Squadra é referência internacional no segmento. Recentemente, a empresa lançou o aplicativo BE ON, que oferece tecnologia participativa para prevenção e atendimento de situações de emergência.
Astir:
O planejamento de um empreendimento imobiliário é um trabalho complexo, que envolve diversos conhecimentos e profissionais de áreas variadas. De que forma a Squadra atua nesse segmento?
Caleffi:
Nosso trabalho inicia desde a aquisição da área pela construtora. Muitas vezes, há uma análise de risco do local onde pode nascer um empreendimento. Depois, temos um momento de suporte ao projeto arquitetônico: atuamos junto aos arquitetos e determinamos questões que devem ser incluídas no projeto. Na sequência, após as definições com as equipes de arquitetura e engenharia, fazemos o projeto estratégico de segurança do empreendimento. Com isso validado junto à construtora, iniciamos o projeto técnico, que define toda a infraestrutura necessária.
Depois disso, o empreendimento passa pelo período da construção, no qual passamos a fazer o assessoramento e a gestão de segurança das obras. Também fazemos a gestão da implantação de recursos, informando se os recursos de segurança estão sendo comprados e implantados de forma correta. Partimos então para o que chamamos de manualização, orientando como devem proceder os moradores, os porteiros, como deve ser a operação e manutenção dos equipamentos etc. Após essa etapa, em muitos casos, acabamos permanecendo com a gestão de segurança condominial.
Astir:
Gostaríamos de saber mais sobre a análise prévia dos projetos. Como esse trabalho é desenvolvido? Quais fatores são estudados durante essa fase?
Caleffi:
Primeiro, analisamos as características da região como um todo e os riscos em relação à segurança, a estrutura local e o fluxo do ambiente externo. Todo esse entorno é muito importante, bem como a vizinhança do empreendimento: se vai ter um prédio, uma casa, um terreno vazio ao lado… Tudo impacta a fase pós-entrega do empreendimento e deve ser avaliado para determinar qual nível de segurança que o condomínio vai necessitar.
Astir:
Outro aspecto fundamental da atuação da Squadra é o treinamento dos moradores que atuam na segurança dos empreendimentos. Em que consiste esse treinamento?
Caleffi:
Quem normalmente acaba derrubando um sistema de segurança são os próprios moradores. Por desconhecimento, muitas vezes eles passam por cima de determinações. É preciso que todas as pessoas do condomínio façam parte da estrutura e da cultura de segurança do condomínio. No momento em que algumas pessoas não têm conhecimento ou discordam e jogam contra o sistema de segurança, há uma vulnerabilidade do condomínio. Sabe aquela briga constante com o porteiro que não deixa fazer? Nós conscientizamos os moradores sobre o que está determinado aos porteiros executarem. Na maioria das vezes, o morador acha que é má vontade do porteiro. Mas quem mora no empreendimento precisa entender que, em muitos casos, é uma determinação condominial.
Nosso trabalho no pós-entrega é fazer com que haja uma harmonia entre a estrutura de portaria, o síndico, a comissão de segurança e os moradores. Para que todos estejam no mesmo barco.
Astir:
Quais demandas de segurança têm ganho força nos últimos anos no mercado imobiliário? Quais são as tecnologias que se mostram úteis nesse segmento?
Caleffi:
Estamos falando de dois aspectos bem distintos. Um deles chama-se empreendedor e construtor. De um ano pra cá, o entendimento das construtoras é de que a segurança passou a ser determinante na aquisição de um imóvel especialmente nos empreendimentos de classe A. Agora realmente caiu a ficha dos construtores de que a segurança vai determinar a compra final. Isso é uma das questões interessantes. Nos projetos mais recentes, a infraestrutura de segurança é muito mais adequada à realidade e à necessidade dos empreendimentos.
Estamos falando de conscientização e de uma ação que responde a uma exigência de mercado. Nos condomínios, o diferencial tem sido a conscientização dos moradores. Ou seja, as pessoas entenderem que devem aderir ao sistema de segurança desenvolvido naquele ambiente. Porque a tecnologia não passa por cima do morador, mas a vontade humana passa por cima da tecnologia. Tu podes ter o equipamento mais moderno. Se não houver adesão, essa tecnologia vai por água abaixo. Os condomínios com maior sucesso em termos de segurança são aqueles com aculturamento da segurança e que entenderam a necessidade da segurança condominial.
Astir:
Por fim, de que forma a Squadra se prepara para atuar nesse mercado? Como a atuação nesse segmento foi construída ao longo da história da empresa?
Caleffi:
A Squadra nasceu com uma metodologia de trabalho que fomos amadurecendo ao longo desse tempo. O que nós desenhamos há 13 anos, agora, em 2018, está sendo aceito pelos empreendedores. Temos a convicção da necessidade desse processo desde o início da empresa. O que não existia era conscientização do mercado sobre essa necessidade. Hoje a exigência dos compradores faz com que as construtoras venham a aderir a esse sistema complexo de segurança. Em nosso próximo post seguiremos abordando o tema da segurança, contando mais sobre o aplicativo BE ON, lançado pela Squadra.